Enfim uma condenação definitiva por homicídio doloso no trânsito
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foto: divulgação
após 16 anos do ‘racha’ (pega) de carro que matou cinco pessoas de uma mesma família, na mg-126, entre bicas e mar de espanha, um dos envolvidos na tragédia, o médico ademar pessoa cardoso, 65 anos, começou ontem a cumprir a pena a que foi condenado. às 7h30, desta quarta-feira, 21/11, ele se apresentou na cadeia pública de mar de espanha, onde reside, após ter a prisão decretada na segunda-feira, pelo juiz da comarca de bicas, ricardo domingos de andrade. ele foi condenado por homicídio doloso a 12 anos e nove meses de prisão. junto com o industrial ismael keller loth, condutor da blazer que atingiu na contramão o fusca onde estavam as vítimas, ademar participava do “pega’ e apresentou, ao longo do processo, 27 recursos no superior tribunal de justiça (stj) e outros seis no supremo tribunal federal (stf). o advogado do médico disse ontem que não irá impetrar ordem de habeas corpus, mesmo porque o entendimento jurídico é de que não cabe mais recurso. o advogado josé ramos, que representa a família dizimada pelo racha, informou que a prisão de ismael também já foi peticionada e o processo concluso. no entanto, um recurso ainda tramita na justiça. ele já foi condenado a 16 anos em júri popular realizado em 2004.
a notícia da prisão de ademar foi recebida com emoção pelo engenheiro aposentado josé geraldo carnaúba corrêa de souza, 80 anos, pai e avô das vítimas do acidente de trânsito provocado pelo pega. ele é pai de adriana, 31 anos, avô de victória, 2 anos, e theodora, 7 meses, além de sogro de júlio césar, 32, todos passageiros do fusca atingido no acidente. morreu ainda isabel benecdita, 93, que também estava no carro e era parente da família. “não dá para esquecer um acidente provocado por um veículo a 155 quilômetros por hora. minha filha teve parte da face arrancada e quebrou o pescoço. minha netinha mais nova, um bebê, foi jogada contra o barranco. meu genro morreu prensado pela porta do carro, e a tia belinha, que estava no carona, foi arremessada a mais de 40 metros. além de ter provocado o acidente, o ademar, que é médico, não prestou socorro“, diz josé geraldo, que acaba de perder a esposa, delizete carnaúba. ela morreu em julho, aos 77 anos, de enfisema pulmonar. para o engenheiro, sem o esforço da mulher, o caso não teria tido esse desfecho. “ela era uma lutadora e a porta-voz da família. era delizete quem deveria estar dando essa entrevista. mas, em nome dela, eu vou continuar perseguindo a punição deles, porque é a impunidade que nos faz criar um tribunal paralelo. além da parte criminal, quero que o crm (conselho regional de medicina) casse o diploma de ademar, porque ele não socorreu nossas netas.” disse josé geraldo.
**fonte: **jornal tribuna de minas