Il mantuano
-
o dem?nio de mantua
tazio nuvolari
muito antes de a f?rmula 1 ser institu?da como a conhecemos, desde 1950, a categoria superior do automobilismo já havia dado ao mundo nomes lend?rios para o esporte. nazzaro, rosemeyer, varzi, caracciola, wimille integram as listas dos melhores de todos os tempos, alternando este ou aquele, de acordo com preferências de estilo ou a valorização de uma ou outra característica.
tazio giorgio nuvolari, o dem?nio de m?ntua, entretanto, permanece como uma das poucas unanimidades, em qualquer relação que se faça, sejam quais forem os crit?rios. a inegável característica de piloto veloz é apenas um dos aspectos que o transformaram em ?dolo nos autódromos de todo o mundo. seu único objetivo em qualquer corrida era a vit?ria, não importavam as probabilidades maiores ou menores de alcan??-la ou os perigos que teria de enfrentar. isso se comprova pelo retrospecto é em 30 anos de carreira e 72 vit?rias, nuvolari terminou em segundo lugar apenas 17 vezes.
na tentativa de chegar em primeiro, se a alternativa fosse a segunda ou terceira colocação, o resultado mais provóvel seria o abandono ou até mesmo um acidente, não importa o carro que estivesse pilotando. havia mesmo na it?lia quem acreditasse num ?pacto com o dem?nio?, ou alguma espocie de magia negra, por tr?s de sua singular e natural habilidade.
a realidade, entretanto é mais simples. nuvolari passou a vida acumulando experiencias em todas as formas de esporte a motor e sua coragem não era, absolutamente, resultado de uma carreira sem acidentes. ah, não mesmo o homem quebrou a maioria dos ossos de seu corpo em algum momento da vida.
tazio nuvolari
nascido em 1892, ele já era entusiasta da velocidade aos cinco anos de idade. seu pai criava cavalos e a diversão do pequeno tazio era agarrar pelo rabo animais já domados e faz?-los correr. o resultado foi o primeiro ferimento sório é um coice quebrou-lhe a perna. mas isto não seria suficiente para mant?-lo longe do perigo. aos quatorze anos já aprendera a andar de motocicletas.
foi com elas, no in?cio da dácada de 20, que nuvolari tornou-se conhecido. nos tr?s primeiros anos, não venceu nenhuma prova, quando ainda andava apenas com as motos que suas posses permitiam adquirir. após o primeiro ?xito, em 1923, entretanto, alcanãou uma sucessão de vit?rias. a mais notável em 1928, na pista de monza. na vêspera, durante os treinos, se machucou seriamente, lesionando as duas pernas.
no dia seguinte, tendo recebido a recomendação de ficar um mês de cama, ?nivola? aparece na pista com ambas as pernas engessadas. é amparado e colocado na moto pelos mecânicos até o grid de largada. mais de quatrocentos quil?metros depois, voltam os mecânicos é linha de chegada para receber o vencedor. isto foi pouco antes de nuvolari começar a interessar-se por coisas com quatro rodas e um volante.
tazio nuvolari
dois anos mais e viria a decisão de correr exclusivamente com autom?veis, disputando roda a roda com o grande rival e amigo achille varzi, piloto cerebral, calculista que dificilmente quebrava carros. toda trajet?ria era perfeita. não havia esforão f?sico em sua condução, nem um acidente sório em toda a carreira, a não ser o que resultou em sua morte.
num claro contraste encontrava-se o mantuano, que nunca poderia ser descrito como um piloto racional. apesar de reconhecido por ninguém menos do que ferdinand porsche como excelente mecânico, nuvolari dispensava o mínimo cuidado é integridade do equipamento, o suficiente para cruzar a bandeirada em primeiro lugar. também não se preocupava com os princ?pios estabelecidos de corrida.
certa vez um dirigente levou um jornalista especializado para dar a volta na pista, após uma prova, comparando a maioria das marcas de pneu que denotavam a trajet?ria normalmente aceita, com as marcas dos pneus do carro de nuvolari. o jornalista registrou: ?obviamente ninguém faz essa curva dessa maneira, é acidente na certa. não h? alternativa.? tazio não bateu e venceu a corrida. e foi mais rápido naquele ponto do que qualquer um.
tazio nuvolari
antes de cada prova analisava não só o tra?ado como também a superf?cie da pista é não raro, nos treinamentos, andava com metade do carro pela área de escape, observando as mínimas ondulações, para certificar-se da melhor trajet?ria. ali?s, nuvolari é freq?entemente associado é origem da derrapagem controlada nas quatro rodas.
um epis?dio que demonstra sua inacreditável per?cia foi a observação casual, feita após a prova, de que não usou os freios de sua maserati no grande prémio da it?lia de 1934. os mecânicos tinham drenado o fluido do sistema para a pesagem e esqueceram de fazer a reposição. só mais tarde se lembraram do fato.
ao contrário do que se pode pensar, o relacionamento entre nuvolari e varzi fora das pistas era bastante amistoso. tamanha especulação havia sobre qual dos dois seria o melhor que uma corrida mano a mano foi proposta. nuvolari, entretanto, sabedor de sua própria atitude ?ou vence ou morre?, disse a varzi: ?se perder essa, nunca encontrarei paz novamente. se ganhar, lamentaria muito por você, mas, de qualquer modo, nossa amizade estaria arranhada, não penso que essa disputa tenha import?ncia.? avaliaram a situação e o assunto terminou com os dois reunidos para um drinque.
os números da carreira de nuvolari falam por si, mas o que realmente conta são as histórias que narram as corridas que ele venceu ou quase, sem ter, na realidade, nenhuma chance. não aquelas em que ele simplesmente dispunha de equipamento inferior é não isso foi a maior parte do tempo, considerando o fato de que estava quase sempre ao volante de uma alfa, em clara desvantagem com as enormes flechas de prata e auto-union, invariavelmente conduzidas por alguns dos melhores pilotos da época.
tazio nuvolari
transcorria o ano de 1935 e, o cen?rio, os quase 23 quil?metros de curvas trai?oeiras, subidas, descidas e curvas cegas de nurburgring. aqui, nuvolari dirige uma alfa romeo tão vastamente inferior em relação aos competidores alemões que chega a ser absolutamente risável. para tornar as coisas piores, nuvolari aparece para a largada com a perna direita novamente imobilizada é isso significava acionar freio, embreagem e acelerador com a perna esquerda. os fatores adversos, entretanto, não pararam por aí.
tão logo assume a lideran?a, os boxes da alfa são tomados por um estado de histeria sem precedentes e tamanho era o entusiasmo quando nuvolari entrou para reabastecer que o mecânico responsável pela tarefa, afobado, acabou quebrando o dispositivo que acionava a bomba um tempo significativo foi perdido no reabastecimento feito por latas, o que resultou na queda para o quinto lugar. dirigindo como um dem?nio, nuvolari recupera posições e ainda consegue ultrapassar a mercedes de von brauchitsch, que liderava, pouco antes da linha de chegada.
sua mais singular e perigosa façanha foi na mille miglia de 1930. varzi liderava e, segundo ele próprio, dando tudo que podia mas seguro, na escuridão total, de que não havia ninguém por perto. mal sabia ele que o eterno rival o seguia, com os far?is apagados, aproximando-se milha após milha. finalmente, em uma curva, nuvolari executa a ultrapassagem, acende os far?is e vai embora. foi uma vit?ria espetacular. o mecânico que o acompanhava nunca soube dizer quantas orações fez durante todo o tempo que durou a perseguição.
(essa foi de arrepiar)
o mantuano voador permaneceu nas pistas ainda por muitos anos. no fim da vida, contraiu tuberculose mas continuou competindo. a última vit?ria é primeiro em sua classe, 5?. na geral - foi numa prova de subida de montanha no monte pellegrino, it?lia, em 1950. tazio nuvolari morreu em 1953, vitimado por uma trombose que se somou a outras complicações. foi enterrado vestindo o capacete de couro e um volante junto ao peito.
jc
foto do nuvolari pilotando o autounion d type:
durante uma corrida, o volante do carro simplemente quebrou e ficou nas suas mãos. mas ele terminou a corrida usando uma chave de boca diretamente na barra da direção.
final da copa brezzi de 1946:
tazio nuvolari - o melhor piloto do passado, do presente e do futuro .
ferdinand porsche
se o homem falou tá falado.