Coluna alta roda - fim do paternalismo
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foto: divulgação
resultados ruins em vendas internas, produção e exportação (unidades) ao final deste primeiro semestre refletem economia fraca, inflação alta e insegurança sobre o futuro. em relação ao primeiro semestre de 2013, os recuos foram de 7,6%, 16,8% e 35,4%, respectivamente. tombo foi maior do que se previa no final do ano passado, quando especialistas acreditavam que a economia brasileira cresceria em 2014 um pouco além que os 2,5% de 2013. agora falam em apenas 1% a mais no pib.
a própria anfavea refez suas previsões que se mostraram otimistas demais em dezembro último. graças à manutenção do ipi parcialmente reduzido, anunciada em 1º de julho, os números no fechamento do ano seriam um pouco menos negativos: 5,4%, 10% e 29%, respectivamente. ou seja, crescimento no segundo semestre (14,3%, 13,2% e 36,9%, na mesma ordem) compensaria em parte o raquítico início de ano.
engana-se quem pensa que a volta do ipi cheio resolveria graves problemas fiscais do governo. cada 1 ponto percentual de aumento na alíquota, reflete-se em acréscimo de preço de 1,1%. cada 1% no preço resulta em vendas 1,6% menores. multiplicados os fatores, 1% a mais de imposto, na prática, significa 2,5% de queda no mercado. em números redondos, 4 p.p. do ipi (de 3% atuais para os 7% originais) repassados aos preços, significariam um mergulho de 10% nas vendas e arrecadação final de impostos menor.
o cenário piorou por uma conjugação de fatores. produção foi duplamente prejudicada: mercado interno e situação na argentina que recebe quase 80% dos veículos exportados daqui. muito se comenta que os feriados da copa do mundo prejudicaram as vendas. porém, se o mercado estivesse aquecido, os compradores apenas teriam adiado sua ida às lojas. carros não faltam, pois há 45 dias de estoque (30% acima do normal), e as concessionárias conseguem emplacar mais de 15.000 veículos/dia útil. no primeiro semestre foram apenas 11.500, em média.
resta saber as causas da apatia e há várias explicações. a primeira é certa acomodação, depois de nove anos de crescimento firme. inegável que as pessoas também anteciparam compras e a procura sofre mesmo um abalo. o mercado, no entanto, continua com grande potencial, já que mal chegamos ao índice de 5 habitantes/veículo, pouco abaixo da média mundial, mas distante de méxico e argentina, por exemplo.
financiamento, responsável por dois terços das vendas, ficou mais restrito. embora a inadimplência seja um complicador impactante sobre os juros, outro problema é menos comentado. planos artificiais de redução de taxa têm eficácia limitada. se mudassem as regras de retomada dos bens, hoje lenientes para quem deixa de honrar as prestações, certamente aumentaria a oferta de crédito. em outros países até o pagador com restrições consegue se financiar, pois afinal o veículo pode ser recuperado em pouco tempo. simultaneamente, o cliente pontual paga menos juros e ganha prazo. o fim do paternalismo criaria um mercado de crédito bem maior e saudável.
de qualquer forma, este semestre tem potencial de ser melhor que o primeiro também porque haverá pelo menos 14 lançamentos, é ano do salão do automóvel e a indústria ainda demonstra fôlego para promoções.
roda viva
aumentar etanol na gasolina de 25% para 27,5%, em estudo pelo governo, traria mais desvantagens que benefícios. gasolina padrão tem 22% de etanol e assim se homologam motores para consumo e emissões. mais interessante a decisão recente de imposto menor para motor flex com relação de consumo entre etanol e gasolina superior a 75%, sem prejuízo da eficiência energética da gasolina. ainda não se anunciou a nova alíquota.
anfavea mudará suas estatísticas, inclusive série histórica de 58 anos, para enquadrar suv como automóvel de passageiros e não mais comercial leve, conforme a legislação tributária. comerciais leves, além de pequenos caminhões e furgões, serão apenas veículos com caçamba, a exemplo de picapes de qualquer porte com cabine simples, estendida ou dupla.
grupo caoa-hyundai reforça sua estratégia de marketing para inserir com maior ênfase no mercado o suv de sete lugares grand santa fe. motor é o mesmo v-6/3,3l/270 cv (gasolina) do santa fe, de 5 e 7 lugares. acabamento e equipamentos semelhantes, porém com espaço interno maior, suspensões um pouco mais macias e tração 4×4. preço: r$ 173.990. santa fe, 7 lugares, custa r$ 12.000 menos.
mitsubishi lancer sofreu um pequeno atraso até a entrada em produção nas instalações do grupo souza ramos, em catalão (go). ficou para outubro próximo e início de vendas no final de novembro. é o primeiro automóvel da marca japonesa de produção nacional. além desse médio-compacto, é possível a produção também de um compacto em 2016.
correção, na coluna da semana passada. o número total de modelos compactos e subcompactos hoje no mercado brasileiro é de 32, quatro a mais que os 28 informados.
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