Coluna alta roda - preferências em evolução
-
foto: divulgação
nos últimos 12 anos, quando as vendas anuais de veículos no brasil subiram 140%, o perfil dos compradores mudou e, mais ainda, a segmentação de produtos. em grande parte isso se deve ao aumento de poder aquisitivo e ao fato de que os carros subiram menos que a inflação em termos reais por qualquer que seja o indicador pesquisado. na base do mercado os preços nominais subiram 14%, em média, enquanto os salários avançaram 32%. o segmento de entrada, de longe o mais importante, que se subdivide em três (básico, intermediário e superior), assistiu a fenômenos interessantes.
não é de surpreender que hoje, das vendas totais, 70% dos modelos saiam de fábrica com ar-condicionado e 60% com direção assistida. o chamado carro pelado nunca foi opção de ninguém e sim mero reflexo do dinheiro curto para ter acesso ao automóvel. parece óbvio, mas alguns ainda acreditam que a indústria era a única responsável por carros sem conforto ou acabamento rústico. recursos de conectividade eram reservados para carros maiores e caros. agora, já estão em 25% dos básicos e em 35% dos intermediários do segmento de entrada.
no nível de segurança veicular, a produção média local ainda está uns seis anos atrasada em relação à europa ocidental, mas à medida que novas arquiteturas globais cheguem e as vendas voltem a crescer a defasagem diminuirá. o ritmo será ditado, de novo, pelo poder aquisitivo ou riqueza dos compradores.
em termos de segmentação por tipo de carroceria o mercado brasileiro apontou em direção aos suvs e a tendência vai se aprofundar porque ainda há poucos modelos (ecosport e duster) na categoria de suvs compactos. a atual distribuição entre veículos de passageiros se apresenta assim: 60%, compactos (41% hatches, 18% sedãs e 1% peruas); 14%, picapes; 9%, médios; 4%, monovolumes; 1%, grandes; 10%, suvs e 2%, outros.
a preferência pelos utilitários esporte tem explicações que vão da visibilidade à possibilidade de lidar melhor com piso irregular ou sem pavimentação, mas passa igualmente pela evolução financeira dos clientes da indústria. a previsão de estreia de pelos menos três novas versões compactas no próximo ano (hr-v, renegade e 2008) e lançamentos também de suvs médios apontam que esse tipo de carroceria representará em curto prazo 15% do mercado, à custa de sedãs e monovolumes, principalmente.
caminho ainda pouco claro diz respeito aos subcompactos. as famílias brasileiras decidiram ter menos filhos e, desse modo, diminuiria a exigência por porta-malas grande. por outro lado, aumentarão as famílias que poderão adquirir um segundo carro e poderia ser um subcompacto: dimensões menores oferecem vantagens na cidade e facilidade de estacionar. teria menor consumo de combustível (em especial frente a um suv pequeno) e preço em conta, porém há dúvidas sobre sua aceitação nos próximos anos.
câmbio automático pode atrair mais interessados, pois além do maior conforto no trânsito, ganhou em eficiência energética e também se beneficiaria da folga financeira. até preferência de cores mudou. por décadas o branco, em um país de clima quente, ficou de lado e agora já divide a preferência com prata e preto.
roda viva
rombo nas contas externas brasileiras deixa mais distante a possibilidade de voltar o livre comércio entre brasil e méxico, a partir do próximo ano. as cotas de importação devem continuar e os fabricantes sabem não haver solução de curto prazo, salvo se ocorrer grande desvalorização do real, fora das previsões da maioria dos analistas.
preço é bem salgado - quase r$ 80.000, quando à venda em dezembro -, mas o fiat 500 abarth convence pelo conjunto. necessidade de alterações na carroceria prejudicou um pouco a pureza de estilo. quadro de instrumentos digital agora ficou muito bom com o fim do conflito de ponteiros. pontos altos: motor de 167 cv/23 kgfm e suspensões não excessivamente duras.
saveiro cabine dupla comprova no dia a dia que atende a quem exige espaço maior para carga e flexibilidade para transportar no banco traseiro até três pessoas (strada, apenas duas). portas são as mesmas do gol 2-portas, mais largas. novo motor de 1,6 l/120 cv é econômico e referência em termos de suavidade de funcionamento, embora não seja o mais potente.
estilo ousado, sem dúvida, o novo jeep cherokee tem de sobra, principalmente na parte frontal. se vai agradar seus fãs ou atrair novos clientes, como já acontece nos eua, é cedo para dizer no caso do brasil. sua mecânica está bem provada, inclusive o motor v-6 de 271 cv. acabamento e materiais são de boa qualidade, porém há rangidos inexistentes na geração anterior.
euro ncap, que faz testes de colisão, terá um sistema de pontuação dupla a partir de 2016. admitirá certos equipamentos de segurança como opcionais, na europa, o que permitirá a carros menores (com limitações de preço) obter cinco estrelas máximas sem as penalizações atuais. finalmente um pingo de bom senso, que falta no latin ncap.
contatos do autor: rb.roj.nomlacnull@odnanref e twitter.com/fernandocalmon