Brasil e méxico se entendem [alta roda]
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os dois lados acabaram cedendo e a renovação do acordo automobilístico entre brasil e méxico foi assinado. análise mais profunda indica, porém, que o brasil conseguiu, além de ampliar de três para quatro anos (até 2019) a regra de cotas de importação/exportação, uma pequena vantagem.
entre março de 2015 e março de 2016 o valor anual do comércio bilateral recua do atual us$ 1,64 bilhão para us$ 1,56 bilhão sem nenhum imposto de importação. depois os valores anuais subirão 3% ao ano, a partir de uma base inicial reduzida, o que seria uma vitória rala do governo brasileiro.
no entanto, como em 2015 o mercado aqui deve recuar até 10%, os volumes vindos do méxico dificilmente seriam iguais aos de 2014. também é bom lembrar que a recente aceleração da desvalorização do real já dificultará bastante a vida dos importadores aqui em geral, em especial de veículos leves.
por mais que o méxico apresente nítida maior competitividade sobre o brasil em custos (com destaque os trabalhistas), impostos, taxas, burocracia e infraestrutura, enfrentar uma taxa cambial quase 25% desfavorável ao longo dos últimos seis meses não é nada fácil. afinal, o real só perdeu para o rublo ao se desvalorizar frente ao dólar.
variação cambial no sentido inverso (a exemplo da valorização do iene) já atingiu o japão. chegou a afetar fortemente as exportações de veículos e outros bens. em 2014, enquanto o méxico utilizou 100% de sua cota para exportar, o brasil mal conseguiu enviar 80% do valor a que teria direito.
mas essa situação já foi oposta. em meados da década passada, com o real desvalorizado e o mercado mexicano bem menor que o brasileiro, houve uma imposição pelo méxico de cotas de importação por quatro anos. em 2005, o dólar valia cerca de r$ 3,00 (10 anos depois, apenas r$ 3,25) e houve uma invasão de automóveis brasileiros no mercado deles.
hoje, a participação do brasil nas vendas internas do méxico (em torno de 3%) é menos da metade do que era há dez anos. já os carros mexicanos ocupam agora cerca de 5%, mas como o mercado brasileiro é mais de duas vezes maior do que o do parceiro da américa do norte fica evidente que a balança pendeu desta vez para o lado deles.
outra novidade acertada agora é na divisão das cotas por empresa. cada país definirá 70% de sua cota de exportação e os 30% restantes serão de responsabilidade do importador. antes, os mexicanos decidiam 100% das cotas por empresa fabricante em seu território, gerando algumas distorções que atingiram nissan march e chevrolet tracker em particular.
também se adiou o índice de nacionalização de veículos e autopeças calculado de forma mais rigorosa que o usual. deveria subir de 35% para 40% nos dois países, mas o méxico, abastecido por componentes de origem nos eua e bem mais baratos pela enorme escala de produção, não conseguiria cumprir.
por tudo isso, saiu o acordo. espera-se a partir de 2019 que prospere o livre comércio entre os dois países. afinal, o brasil teria sete anos no total para arrumar a casa.
roda viva
mercado em franca recessão diminuiu um pouco a pressa por lançamentos inéditos no segmento de picapes, menos afetado que o de automóveis. dois fabricantes atrasaram em alguns meses o início de produção. picape média para uma tonelada da fiat (ainda sem nome) ficou para outubro e a compacta de quatro portas renault oroch para novembro. vendas, um mês depois.
entretanto, marcas nacionais e importadas têm mantido o ritmo frenético de apresentações neste primeiro trimestre e até meados de abril. vale até a apelação de antecipar o ano-modelo 2016 só com meras maquiagens. contagem geral já ultrapassa 15 eventos todos com testes drives em circuitos fechados ou abertos. há meio século a média era de duas apresentações por ano…
atualizações de estilo, centradas na parte frontal, deram rejuvenescida no nissan chamado agora de novo versa, a partir de r$ 41.990. trata-se de sedã anabolizado (ao jeito de cobalt, grand siena e logan) com espaço no banco traseiro de fato surpreendente. estreia o novo motor de 3 cilindros/1 l/77 cv: vai muito bem no hatch march, mas nem tanto no versa que é mais pesado por suas dimensões maiores. motor de 1,6 l/111 cv supre potência faltante por apenas r$ 1.500 extras.
porsche produziu em 2014 o recorde de quase 200.000 unidades. crescimento fantástico, pois há duas décadas vendia apenas 30.000 carros/ano. natural, portanto, instalação em meados deste ano de uma filial no brasil em joint venture com o atual importador stuttgart sportcar. este tem feito bom trabalho, porém há necessidade de fôlego financeiro para expansões.
governo não ampliará valor máximo de r$ 70.000 para retirada de imposto nos automóveis de câmbio automático destinados a pessoas com deficiências motoras. assim, modelos médios-compactos tendem a sair desse mercado. civic, por exemplo, já está fora. corolla se mantém no limite, mas com aumentos de custos inevitáveis também sairá. restarão apenas compactos.
_fernando calmon ([email protected]), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. sua coluna automobilística semanal alta roda com__eçou em 1º de maio de 1999. é publicada em uma rede nacional de 98 jornais, _sites e revistas. é, ainda, correspondente no brasil do site just-auto (inglaterra).