Email da amiga carla
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conforme minha promessa, estou enviando um e-mail contando as novidades da
minha primeira semana depois de ser transferida pela firma para o rio de janeiro.
terminei hoje de arrumar as coisas no meu novo apartamento.
ficou uma gracinha, mas estou exausta. são dez da noite e já estou pregada.
segunda-feira:
cheguei na firma e já adorei.
entrei no elevador quase no mesmo instante que o homem mais lindo desse
planeta.
ele é loiro, tem olhos verdes e o corpo musculoso parece querer arrebentar o terno.
lindooo estou apaixonada.
olhei disfarçadamente a hora no meu relógio de pulso e fiz uma promessa de
estar parada defronte ao elevador todos os dias a essa mesma hora.
ele desceu no andar da engenharia.
conheci o pessoal do setor, todos foram atenciosos comigo.
até o meu chefe foi super delicado. estou maravilhada com essa cidade. cheguei em casa e comi comida enlatada.
amanhã vou a um mercado comprar alguma coisa.
terça-feira:
amiga precisava contar.
sabe aquele homem de quem falei? ele olhou para mim e sorriu quando
entramos no elevador.
fiquei sem ação e baixei a cabeça. como sou burra passei o dia no trabalho
pensando que preciso fazer um regime.
me olhei no espelho hoje de manhã e estou com uma barriguinha indiscreta.
fui no mercado e só comprei coisinhas leves: legumes e chás. resolvido
estou de dieta.
quarta-feira:
acordei com dor-de-cabeça.
acho que foi a folha de alface ou o biscoito do jantar. preciso manter-me firme na dieta.
quero emagrecer dois quilos até o fim-de-semana.
ah o nome dele é marcelo. ouvi um amigo dele falando com ele no elevador.
e ainda tem mais: ele desmanchou o noivado há dois meses e está sozinho.
consegui sorrir para ele quando entrou no elevador e me cumprimentou.
estou progredindo, né?
como faço para me insinuar sem parecer vulgar?
comprei um vestido dois números menor que o meu. será a minha meta.
quinta-feira:
o marcelo me cumprimentou ao entrar no elevador. seu sorriso iluminou tudo
ele me perguntou se eu era a arquiteta que viera transferida de brasília e
eu só fiz: u-hum …
ele me perguntou se eu estava gostando do rio e eu disse: u-hum .
aí ele perguntou se eu já havia estado antes aqui e eu disse: u-hum .
então ele perguntou se eu só sabia falar u-hum e eu respondi: ã-hã .
será que fui muito evasiva? será que eu deveria ter falado um pouco mais?
ai, amiga estou tão apaixonada estou resolvida amanhã vou perguntar se
ele não gostaria de me mostrar o rio de janeiro no final de semana.
quanto ao resto, bem... ando com muita enxaqueca.
acho que vou quebrar meu regime hoje. estou fazendo uma sopa de legumes. espero que não me engorde demais.
sexta-feira:
amiga estou arruinada
ontem à noite não resisti e me empanturrei. coloquei bastante batata-doce
na sopa, além de couve, repolho e beterraba.
menina, saí de casa que parecia um caminhão de lixo.
como eu peidava (nossa você não imagina a minha vergonha de contar isto,
mas se eu não desabafar, vou me jogar pela janela ).
no metrô, durante o trajeto para o trabalho, bastava um solavanco para eu
soltar um futum que nem eu mesma suportava.
teve um momento em que alguém dentro do trem gritou:
aí peidar até pode, mas jogar ***** em pó dentro do vagão é muita sacanagem
uma senhora gorda foi responsabilizada. todo mundo olhava para ela,
tadinha.
ela ficou vermelha, ficou amarela, e eu aproveitava cada mudança de cor
para soltar outro.
o meu maior medo era prender e sair um barulhento.
eu estava morta de vergonha.
desci na estação e parei atrás de uma moça com um bebê no colo, enquanto aguardava minha vez de sair pela roleta.
aproveitei e soltei mais um.
o senhor que estava na frente da mulher com o bebê virou-se para ela e disse: dona é melhor a senhora jogar esse bebê fora porque ele está estragado .
na entrada do prédio onde trabalho tem uma senhora que vende bolinhos, café, queijo, essas coisas de camelô.
pois eu ia passando e um freguês começou a cheirar um pastel, justo na hora em que o futum se espalhou. o sujeito jogou o pastel no lixo e reclamou: pó, dona maria esse pastel tá bichado
entrei no prédio resolvida a subir os dezesseis andares pela escada. meu azar foi que o marcelo ficou segurando a porta, esperando que eu entrasse.
como não me decidia, ele me puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar.
já no terceiro andar ficamos sozinhos.
cheguei a me sentir aliviada, pois assim a viagem terminaria mais rápido.
pensei rápido demais. o elevador deu um solavanco e as luzes se apagaram.
quase instantaneamente a iluminação de emergência acendeu.
marcelo sorriu (ai, aquele sorriso...) e disse que era a bruxa da sexta-feira.
era assim mesmo, logo a luz voltaria, não precisava se preocupar. mal sabia ele que eu estava mesmo preocupada.
amiga, juro que tentei prender. mas antes que saísse com estrondo, deixei escapar.
abaixei e fiquei respirando rápido, tentando aspirar o máximo possível, como se estivesse me sentindo mal, com falta de ar.
já se imaginou numa situação dessasó
peidar e ficar tentando aspirar o peido para que o homem mais lindo do mundo não perceba que você peidou?
ele ficou muito preocupado comigo e, se percebeu mau demonstrou.
quando achei que a catinga havia passado, voltei a respirar normal.
disse para ele que eu era claustrófoba.
mal ele me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que saiu ainda pior que o anterior.
o coitado dessa vez ficou meio azulado, mas ainda não disse nada.
abaixei novamente e fiquei respirando rápido de novo, como uma mulher em estado de
parto.
dessa vez marcelo ficou afastado, no canto mais distante de mim no elevador.
na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para a sola os meus sapatos, como se estivesse buscando a origem daquele fedor horroroso.
ele ficou lá, no canto, impávido.
nem bem o cheiro se esvaiu e veio outro.
ele se desesperou e começou a apertar a campainha de emergência. coitado
ele esmurrou a porta, gritou, esperneou, e eu lá, na respiração cachorrinho.
quando a catinga dissipou, ele se acalmou.
as lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos.
ele me viu chorando, enxugou meus olhos e disse: meus olhos também estão ardendo...
eu juro que pensei que ele fosse dizer algo bonito. aquilo me magoou profundamente.
pensei: ah, é, fdpo então acabou a respiração cachorrinho...
depois disso, no primeiro ele cobriu o rosto com o paletó.
no segundo, enrolou a cabeça.
no terceiro, prendeu a respiração, no quarto, ele ficou roxo.
no quinto, me sacudiu pelos braços e berrou: mulher pára de se cagar .
depois disso ele só chorava.
chorou como um bebê até sermos resgatados, quatro horas depois.
entrei no escritório e pedi minha transferência para outro lugar, de preferência outro país.
apague este e-mail depois de ler, tá?
sua amiga, carla.
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pessimo dimais
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kkkkkkkkkkkkk
respiração cachorrinho foi phoda kkkkkkkkkk
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tem aquela do cara que ia pegar o aviao pra buenos aires.
alguem tem esse texto?
um dia de merda
aeroporto de buenos aires, 15:30.
pequeno mal-estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada e um
peidinho não aliviasse. mas, atrasado para pegar o ônibus que o levaria para o outro
aeroporto da cidade, de onde partiria o vôo para córdoba, resolveu segurar as pontas.
pensou: “afinal de contas, são só uns 15 minutos de viagem. chegando lá, tenho tempo de
sobra para dar aquela mijadinha esperta. tranqüilo. o avião só sai às 16:30″.
entrando no ônibus, sem sanitários, sentiu a primeira contração e tomou consciên-cia de
que sua gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que
entrasse no banheiro do outro aeroporto.
virou para o amigo que o acompanhava e sutil, falou:
- cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um
barro. nesse momento, sentiu um urubu beliscando sua cueca, mas botou o esfincter para
trabalhar e este segurou a onda. o ônibus nem tinha começado a andar quando para seu
desespero, uma voz em castelhano disse pelo alto-falante:
- senhoras e senhores, nossa viagem levara em torno de 1 hora.
ai o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo fez um esforço hercúleo para
segurar o trem merda que estava para chegar na estação cu a qualquer momento. suava em
bicas. seu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar o sarro. o
alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais indicando que pelo menos por
enquanto as coisas tinham se acomodado.
tentava se distrair vendo a paisagem mas só conseguia pensar em um banheiro,
não com uma privada, mas com um vaso sanitário. tão branco e tão limpo que
alguém poderia botar seu almoço nele. e o papel higiênico então: branco, macio, com
textura e perfume e… oops sentiu um volume almofadado entre seu traseiro e o assento
do ônibus e percebeu, consternado, que havia cagado. um cocô sólido e comprido
daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. daqueles que da vontade de ligar p/ os
amigos e parentes e convida-los à apreciar, na privada, tão perfeita obra: dava para expor na bienal. mas sem dúvida, não nesse caso.
olhou para o amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessou sério:
- cara, caguei.
quando o amigo parou de rir, uns cinco minutos mais tarde, aconselhou-o a ficar no centro
da cidade, escala que o ônibus faria no meio da viagem, e que se limpasse em algum lugar.
mas ele resolveu que ia seguir viagem, pois agora estava tudo sob controle.
- foda - se, me limpo no aeroporto; pior que isso não fico”.
mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. ele arregalou os olhos,
segurou-se na cadeira mas não pode evitar e sem muita cerimônia ou
anunciação, veio a segunda leva de merda. desta vez como uma pasta morna.
foi merda para todo que é lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cuecas, barra
da camisa, pernas, panturrilhas, calças, meias e sapatos. e mais uma cólica anunciando
mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade. e
depois um peido tipo bufa, que ele nem tentou segurar, afinal de contas o que era um
peidinho para quem já estava todo cagado? já o peido seguinte foi do tipo que pesa e ele se
cagou pela quarta vez.
lembrou-se de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar
modess na cueca, mas colocou com as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tiralo,
levou metade dos pelos do cú junto. mas era tarde demais para tal artifício absorvente.
tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia ajuda-lo a limpar a
sujeirada. finalmente chegou ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos,
suplicou ao amigo que apanhasse sua mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário
do aeroporto para que ele pudesse trocar de roupas. correu ao banheiro e entrando de box
em box, constatou a falta de papel higiênico em todos os cinco. olhou para cima e
blasfemou:
- agora fodeu, né?
entrou no último, sem papel mesmo e tirou a roupa toda para analisar sua situação (que
concluiu como sendo o fim do poço) e esperar pela mala da salvação com roupas limpinhas
e cheirosinhas e com ele uma lufada de dignidade no seu dia. seu amigo entrou no
banheiro com pressa, tinha feito o “check-in” e ia correndo tentar segurar o vôo. jogou por
cima do box o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto.
ele tinha despachado a mala com roupas. na mala de mão só tinha um pulover de gola
“v”. a temperatura em buenos aires era aproximadamente 35 graus.
desesperado, começou a analisar quais de suas roupas seriam, de algum modo,
aproveitáveis. suas cuecas, jogou no lixo. a camisa, a mesma historia. as calças estavam
deploráveis e assim como suas meias, mudaram de cor, tingidas pela merda. seus sapatos
estavam nota 3, numa escala de 1 a 10. teria que improvisar. como a necessidade é a mãe
da invenção, então ele transformou uma simples privada em uma magnífica maquina de
lavar. virou as calças do lado avesso, segurou-a pela barra, e mergulhou a parte atingida
na água. começou a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. estava pronto
para embarcar.
saiu do banheiro e atravessou o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando
sapatos sem meia, as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não
exatamente limpas) e o pulover gola “v”, sem camisa. mas caminhava com a
dignidade de um lorde. embarcou no avião, onde todos os passageiros estavam
esperando o “rapaz que estava no banheiro”, e atravessou todo o corredor
até a sua poltrona ao lado do amigo que sorria. a aeromoça aproximou-se e perguntou
se precisava de algo. ele chegou a pensar em pedir uma gillete para cortar os pulsos
ou 130 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa trasbordante, mas
decidiu não pedir:
- nada, obrigado, eu só quero esquecer este dia de merda