Mitsuoka: das miniaturas às extensivas modificações
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autor: eber - categorias: mitsuoka
18/08/2010
distinguir-se com um carro diferente custa caro. alguns se arriscam em hatchs de imagem como smart, mini, 500 e soul. outros, no extremo oposto, adoram fusca, opala e dodge. porém, tem gente que não vê diferença nos carros atuais e quer distinção ainda maior, sem abrir mão da modernidade. para eles existem empresas como a mitsuoka.
fundada em fevereiro de 1968 em toyama, no japão, por susumu mitsuoka, ela começou os negócios em oficinas de reparação como mitsuoka jidousya kogyo. dois anos depois o sr. susumu abriu uma lojade carros novos e em 1979 criou a mitsuoka motor co., ltd., direcionada à fabricação de minicarros de 50 cc, alguns deles voltados a deficientes físicos.
na ordem: shuttle-50, 501 e 502
com o nome de bubu, eles recebiam os códigos 501, 502 (ambos com três rodas), 503 e shuttle-50. ávido entusiasta de clássicos, o jovem empresário mais tarde projetou e fabricou pequenas réplicas de mercedes-benz ssk, porsche 356 e mg td. e os carrinhos não eram restritos à garotada, pois serviam para locomoção diária e até leves brincadeiras de adultos.
em 1987 inaugurou a mitsuoka motor america, inc., importadora de carros americanos. entretanto, o sonho daquele senhor ia além. ele queria fazer réplicas em tamanho real sem abrir mão da evolução dos carros de então (fora-de-séries não atenderiam seu desejo). foi aí que ele teve a ideia de personalizar modelos de produção para dar uma cara mais exclusiva e requintada a eles.
a base do galue i é o nissan crew
dos clássicos ingleses — sobretudo o jaguar — surgiu a inspiração. grade minuciosa completamente cromada com frisos verticais e faróis circulares são itens básicos. alguns modelos ganham, ainda, capô longo e delgado, elegantes para-lamas e rodas raiadas. a parte traseira também recebe os mesmos motivos ingleses. as lanternas diminutas são incrustadas em porta-malas de estilo caído e curvilíneo. a presença de para-choques externos cromados é indispensável.
apesar de a seção central ser sempre de um carro moderno, os designers escolhem modelos que combinam bem com o estilo neoclássico ou fazem mudanças mais extensas. a predileção é por nissan. diferente dos modelos concorrentes, o resultado pode até ser considerado harmônico; algumas versões parecem ter saído por completo das pranchetas da mitsuoka.
o ryoga perde as rodas de alumínio em favor das de aço, mais conservadoras
esse tipo de mudança é apreciado pelos japoneses. os clientes são senhores e senhoras que desejam um veículo charmoso ou querem fugir do enfadonho estilo nipônico. são pessoas que jamais abrem mão da mecânica confiável, do espaço interno e da segurança presentes nos carros atuais.
o nissan silvia (da geração s13) serviu de base para o le-seyde, apresentado em 1990. o esportivo da nissan tinha o eixo dianteiro deslocado para frente, de modo a aumentar o tamanho da seção dianteira.
esta parte era amplamente revista: o cofre do motor (que guardava um quatro-cilindros de dois litros e 160 hp) cedia lugar a uma porção construída em fibra-de-vidro (material amplamente utilizado pela empresa). o capô ficava mais comprido e estreito para ceder espaço aos volumosos pára-lamas e aos estepes, onipresentes nos carros de luxo do passado; a tradicional grade era decorada por buzinas e faróis e o pára-choques, composto por duas barras cromadas, ficava bem à frente. o teto recebia um prolongamento e a traseira, completamente nova, recebia lanternas circulares. o comprimento total ficava em 5,23 metros.
o suntuoso le-seyde (s15) guardava modernidade no interior e um parco 2.0 debaixo do capô
muito vistoso por fora, no interior entregava madeira e couro de qualidade numa aparência contemporânea, já que todos os painéis originais eram preservados. apesar do grande comprimento, conforto mesmo só para dois. o sucesso foi tão grande que os 500 modelos foram reservados em apenas quatro dias. a segunda geração foi lançada dez anos depois sobre o silvia s15. porém, o fim deste nissan em 2002 levou o le-seyde à história.
o mais carismático de todos é o viewt, um mini-sedã com ar de jaguar mark ii. os traços do nissan micra caíram tão bem que parece um jaguarzinho de verdade. as compradoras o adoravam pela elegância e pela praticidade (afinal, ele era, originalmente, um bom hatch moderno).
a frente tinha linhas mais suaves e os faróis eram embutidos. abaixo deles havia duas entradas de ar circulares que remetiam aos faróis auxiliares do sedã inglês. na traseira era enxertado um terceiro volume e a quinta porta dava lugar a um minúsculo vigia oval e a uma tampa de porta-malas. no interior original havia, opcionalmente, couro e apliques de madeira. os motores permaneciam os mesmos (1,0 e 1,3 litro para a geração k11 e 1,2, 1,4 e 1,5 para a k12) e o câmbio era, preferencialmente, automático. havia até opção por tração integral.
o jaguar mark ii (em vinho) serviu de inspiração para o viewt, que merece até o tradicional verde inglês
atualmente o catálogo de personalizados tem muitas opções: galue-iii (baseado no nissan fuga), galue-204 e nouera (toyota corolla e fielder, respectivamente), galue convertible (ford mustang), nouera (honda accord), like (mitsubishi i-mev, elétrico) e cute (nissan micra hatch).
o convertible mais entusiasta é o himiko, baseado no mazda miata. o nome vem de uma antiga rainha xamanista, também conhecida como pimiko. takanori aoki é o autor do desenho que lembra o morgan. como no le-seyde, o eixo dianteiro é deslocado e a seção traseira em declínio desce até o pára-choque, que é muito bem integrado. as quatro lanternas com leds são sobrepostas e os faróis são duplos com unidades elipsoidais. a lateral pode ter uma cor diferente da empregada na carroceria. o resultado final surpreende pela qualidade da adaptação.
o himiko é um miata com ares de morgan
mesmo que tenha o comportamento prejudicado pelo maior entre-eixos e pelo acréscimo de peso (185 kg), o himiko é um roadster interessante para estradas retas ou um passeio pela cidade. clássico por fora, mantém as suspensões independentes e o motor 2,0-litros de 170 cavalos com câmbio automático ou manual de seis marchas. a velocidade máxima é de 215 km/h e o 0-a-100 é feito em 8 segundos. como no mazda, oferece capota de lona ou rígida, ambas com acionamento elétrico.
com exceção para a faixa de madeira no painel, o interior é original
também há opções para os papais e os ecologistas. a corolla fielder se transforma em nouera e o mitsubishi i-mev em like. a perua não esconde o fato de ser adaptação: mantém as calotas e a traseira originais, diferente do galue 204, feito sob o corolla sedã.
contudo, nem só de adaptações vive a empresa. as réplicas de grandes clássicos foram construídas para aqueles que gostam de dirigir. o zero (1994-2000) deu à empresa o aval de fabricante de automóveis ― mais de trinta anos depois da honda, até então a última fabricante japonesa.
o modelo tipo f (da foto) era uma mistura de lotus seven com mg e ssk. o zero, dois anos mais novo, era uma réplica do lotus
desafiado pela esposa, o sr. susumu resolveu provar sua competência e produzir seu próprio esportivo. o orochi (serpente de oito cabeças) foi mostrado em 2001 no salão de tóquio e lançado cinco anos depois. o estilo, que lembra um peixe, é bastante peculiar. o charme presente nas linhas de aoki é incomum em modelos do gênero. e, apesar da aparência, ele não é um superesportivo.
estranho, mas muito bem acabado
feito sob a plataforma do honda nsx, ele guarda um v6 de origem toyota com 233 cavalos atrás dos assentos. é um cupê chamativo projetado para viajar tranquilamente com muito conforto, como um bom gt europeu. motorista e passageiro desfrutam de um interior aconchegante coberto de camurça e couro. a potência não é das piores e possibilita alguma diversão, apesar do câmbio automático. nude é a versão sem capota e a espera para se ter um pode chegar a seis meses.
e a mitsuoka tem mais. para quem deseja montar seu próprio veículo há os microcarros individuais, vendidos desmontados em kits, pensados para aproximar pais e filhos e aumentar o diálogo entre eles , segundo o presidente da empresa, akio mitsuoka (irmão do fundador que o substituiu em 2004). há um roadster, um caminhãozinho e um elétrico. o motor dois-tempos monocilíndrico de 50 cm³ está incluso nas versões a gasolina e é fabricado pela subsidiária hokkaido bubu co., ltd.
o cliente compra os carrinhos desmontados. o modelo da foto lembra o alemão messerschmitt kr200
a fabricação anual, incluindo toda a linha, está na faixa das 750 unidades. há representantes em vários países asiáticos e versões com volante à esquerda estão disponíveis. os 380 funcionários dedicam-se exclusivamente a cada carro. o preço não é baixo, obviamente, mas a exclusividade faz valer o investimento.
diego de sousa
existe mesmo gosto pra tudo… mesmo.
e não é que esse mini-mark ii ficou proporcional?
já o resto é tuneragem pra velho.