Rio + 20: a principal mudança terá que ser a do comportamento social
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com falta de consenso sobre diversos temas em discussão teve início nesta quarta-feira, 13/06, a conferência das nações unidas sobre desenvolvimento sustentável, a rio + 20. três são os grandes objetivos do megaevento que reunirá milhares de pessoas e mais de cem chefes de estado ede governos em encontros fora e dentro do riocentro: desenvolvimento econômico, inclusão social e proteção ambiental. faltou a meta principal: a conscientização e a mudança do comportamento social de cada cidadão.
em princípio, se as autoridades que comparecerão às reuniões de cúpula, para elaborar o texto final do encontro, derem uma olhada ao redor do riocentro, bem ali próximo, verão a degradação e o abandono de que foi tomada, há muitos anos, a lagoa de jacarepaguá. lixo e esgoto por todos os lados. uma vergonha para quem vai sediar o mais importante momento de reflexão sobre o futuro do nosso planeta e sequer se preocupou com o triste cenário de degradação ambiental . deveriam as autoridades, ditas responsáveis e competentes, pelo menos terem tido o cuidado, antes da realização da rio+20, de despoluírem a imunda lagoa de jacarepaguá. ?faz o que eu digo, mas não faça o que eu faço?, o ditado popular cai muito bem para a tamanha negligência e descaso.
sigamos em frente e duas recentes declarações, sobre o tema meio ambiente, chamaram-me a atenção. a primeira delas a do secretário-geral da onu para a rio+20, o oriental sha zukang, ao afirmar: ?passaram-se 20 anos e não vimos progresso em temas como desenvolvimento sustentável e proteção ambiental. na verdade retrocedemos. tudo o que estabelecemos àquela época é tão ou mais válido atualmente?, disse zukang. a outra declaração, não menos realista e preocupante, provém do brasileiro, secretário de assuntos internacionais do ministério da fazenda carlos márcio bicalho cozendey ao admitir que ?dificilmente os países participantes da rio + 20 chegarão ao fim da conferência com metas estabelecidas para assegurar um desenvolvimento sustentável , devido a particularidades das economias entre países desenvolvidos e os em desenvolvimento?. dois depoimentos que demonstram, sem dúvida, que muitos interesses, mormente os econômicos e não prioritariamente a questão do meio ambiente, poderão estar a frente da elaboração da nova carta da terra.
um outro ponto, o mais importante deles, talvez não seja abordado durante a conferência da onu: a conscientização sobre a necessidade da mudança comportamental de cada habitante do planeta. de nada adiantará traçar metas de desenvolvimento sustentável, economia verde, inclusão social e preservação ambiental, senão mudarmos a nossa conduta social. nos falta educação no dia a dia. a má conduta social é, sem dúvida, o mais antagônico fator de degradação do meio ambiente.
no caso brasileiro é simples detectar exemplos negativos de atitudes comportamentais agressivas ao meio ambiente e aos princípios da boa educação: desmatamos florestas; emitimos níveis excessivos de co2 em nossos carros desregulados; jogamos lixos (garrafas de plástico e sofás velhos inclusos) nas encostas de morros, nos rios, lagoas e mares; ponta de cigarro, papel,resto de comida, copos plásticos embalagens,etc… em vias públicas; entupimos bueiros e galerias pluviais; escarramos em qualquer canto; insistimos em fumar em ambientes fechados;dirigimos nossos carros como animais ferozes; matamos e morremos ao volante; nos envolvemos em acidentes de trânsito trazendo danos a nós mesmos e às vias públicas; conduzimos carretas com excesso de peso e falta de manutenção e derramamos substâncias químicas nas pistas de rolamento; fazemos xixi em logradouros públicos; derramamos esgoto in natura nos rios, lagoas e mares, etc….
não precisa dizer mais nada. se nós cidadãos, não passarmos a adotar a prática da boa educação ambiental e social, a conferência rio+20 nada mais será do que um mero encontro de debates e ideias que permanecerão por mais 20 ou 30 anos apenas no campo das boas intenções. precisamos de conscientização, de mudança comportamental e de ações concretas. o futuro do planeta está muito mais nas mãos de cada de nós do que no protocolo de intenções de governos e empresas, expresso num documento formal. sem a conscientização de cada um de nós, o futuro do planeta estará seriamente ameaçado. disso não há nenhuma dúvida.
milton corrêa da costa pesquisas temas relacionados ao meio ambiente