Coluna alta roda “ desgaste desnecessário
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foto: divulgação
a extensa lista de modelos que sairão de linha em 2013 demonstra que alguns fabricantes, finalmente, se convenceram de não valer a pena passar por tantos desgastes. e a senha para esse fim foi justamente a lei que estabeleceu freios abs e bolsas infláveis, embora razões de mercado também tenham prevalecido.
picape courier foi a primeira baixa do ano, ainda em abril. até 31 de dezembro, a relação de fim de fabricação (fdf) será engrossada por kombi, mille, fiorino antigo, ka e gol geração iv (poderia receber os itens citados, mas dará lugar ao up!). fdf não significa fim de vendas, pois há estoques. no caso dos itens de segurança o limite é 31 de março próximo. mas há outros casos. fiesta rocam ganhou sobrevida de alguns meses até a chegada do novo ka. o golf iv, por razões comerciais/industriais e não técnicas, também terá fdf nos próximos dias, mas será comercializado até o final do estoque em 2014.
kombi é um fenômeno único de longevidade da segunda metade do século passado. completou 57 anos de fabricação (inclui o primeiro ano, 1957) graças ao uso prevalecente como veículo de trabalho. surpresa maior, o mille esteve em produção por nada menos de 30 anos (inclui 1984), algo raríssimo no caso de automóveis e ainda porque só ocorreram mudanças superficiais. gol g iv superou o mille nessa disputa inglória: saiu das linhas de montagem por 34 anos (inclui 1980). mas o líder de mercado teve entre-eixos aumentado e carroceria arredondada em 1994 (apelidado de bolinha), o que talvez o coloque na história como exemplo digno de purgatório por ter, afinal, compatibilidade com recursos primários de segurança.
há pessoas que choram o fim de modelos superados por meio de regulamentos de segurança e ambientais ou até empregos perdidos. nada mais falso. essa mentalidade levou à situação absurda em que governo e parte dos fabricantes aventaram, semana passada, adiar a obrigatoriedade do uso de airbags e abs por dois anos, a partir de 1º de janeiro próximo.
depois de embates nos bastidores, recuaram parcialmente. a kombi sobreviverá por dois anos “ única exceção “ com desculpas como empregos gerados e pelo uso comercial. estrago institucional, no entanto, já está feito. péssimo para o país mudar regras a menos de 15 dias de vigorar. volkswagen, inclusive, deve explicações ou compensações a quem já adquiriu as duas séries especiais última edição.
governo mostra improvisação. nos eua, há 40 anos, houve cronograma diferenciado e limitado para exigências de segurança entre automóveis e veículos comerciais leves. aqui, em 2009, já se sabia que o furgão alemão tinha características únicas e, eventualmente, insubstituíveis. o escalonamento de cinco anos, estabelecido pelo contran, era razoável. deixar isso para a undécima hora, a fim de agradar sindicalistas ou usuários específicos, é um tremendo desgaste.
por que governo e indústria não aprendem a lição e estabelecem novas exigências factíveis para os próximos cinco anosó imobilidade é tudo que organizações oportunistas, como latin ncap, desejam para conduzir testes e critérios discutíveis.
roda viva
bmw group surpreendeu ao ampliar seu comprometimento com o mercado brasileiro. já se sabia que o sedã série 3 (mais vendido da marca aqui e no mundo) e o suv derivado dele, x1, além do hatch série 1, modelo de entrada, estavam entre os que entrarão em produção em araquari (sc). inclui agora o x3 (arquitetura com base no sedã série 5) e o mini countryman.
pela primeira vez, bmw e mini dividirão o mesmo teto de uma fábrica, a partir de outubro de 2014. cronograma prevê intervalo de apenas três meses para os três primeiros produtos. é bem provável que por sair na frente no segmento premium e projetar a maior capacidade instalada (32.000 unidades/ano), existam planos ainda mais ousados, incluindo exportações.
strada cabine dupla de três portas não oferece espaço razoável para adultos no banco traseiro, porém no uso urbano a porta extra atrás agiliza o acesso na maioria dos casos. impressiona a robustez da solução, mesmo em pisos ondulados e buracos. melhor combinação é a versão avaliada: motor 1,8 l/132 cv (etanol) e câmbio automatizado, apesar do preço salgado.
chery admite ter avaliado mal a competitividade dos produtos importados da china, em meio à contração do número de concessionárias. queda de vendas foi de 40% em 2013 sobre 2012. inauguração da fábrica de jacareí (sp), no segundo trimestre de 2014, produtos mais atuais, rede ampliada, centro de pesquisas e unidade de motores ajudarão na virada que ela espera.
para ganhar “ ou manter, no pior cenário “ dinamismo nas vendas, a jac, segunda marca chinesa a construir fábrica no brasil (2015), aposta em sistemas multimídia nas linhas j3 e j6. tela tátil de 6,2 pol. no painel ou na parte posterior dos encostos de cabeça dianteiros, sem cobrança adicional, é uma fórmula de atrair e evitar descontos que repercutem no valor de revenda.
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