Coluna alta roda “ pote de ouro
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foto: marcus lauria
o atual momento de vendas fracas no mercado brasileiro, que pode se estender de 2014 para 2015, não representa o melhor pano de fundo para o grande investimento feito pela nissan em resende (rj). afinal, não é todo dia que se despendem r$ 2,6 bilhões para produção de 200.000 carros e 200.000 motores por ano. mas segundo o presidente mundial da aliança renault-nissan, o brasileiro carlos ghosn, o grupo considera esse movimento estratégico.
não investimos pensando nos próximos seis meses e sim nos próximos dez anos. precisamos dessa fábrica para crescer junto com o mercado. o brasil, hoje, é o quarto maior do mundo em termos de vendas internas de veículos, porém mal chega a uma taxa de motorização de 200 veículos por 1.000 habitantes. o potencial, no entanto, é muito maior. por que não 400 veículos por 1.000 habitantes ou algo próximo, hoje, a portugal?, assinalou.
o executivo também considera que a participação da nissan no país de apenas 2%, atualmente, se deu por uma série de fatores e o principal agora está equacionado. prevê avançar pelo menos um ponto percentual por ano e chegar aos 5% em 2016. admitiu que precise de pelo menos mais dois modelos, além do novo march, neste momento, do sedã derivado versa, dentro de seis meses, e dos produtos de são josé dos pinhais (pr), méxico (inclusive o antigo march) e eua.
atual arquitetura compacta v comporta um suv, cujo esboço surgiu no salão do automóvel de são paulo, em outubro de 2012. é candidato natural para a nova fábrica. o monovolume compacto note seria outra opção, embora já seja produzido no méxico e a integração dos dois mercados continuará. há um ano ghosn disse que a produção de algum produto da nova submarca datsun, de produtos de baixo custo, dependeria de uma consolidação prévia da nissan no mercado brasileiro. mas, sua resposta agora à mesma pergunta feita antes pela coluna foi menos evasiva, na linha de uma coisa de cada vez, ainda para manter o ar de mistério.
capacidade alta de produção de motores também indica que o fornecimento das unidades de 1 litro/4 cilindros feitas pela renault no paraná, pode ser trocado por motores de origem da própria nissan. essa cilindrada tende a voltar a subir de participação no mercado brasileiro (hoje, 40%) em curto prazo. e os tricilíndricos parecem que vão dominar o cenário, abrindo essa oportunidade em instalações modernas de resende.
em alguns momentos, naturalmente, o executivo se mostrou de certa forma decepcionado por este período de mercado nacional acomodado “ para usar de polidez. mas os planos de expansão do grupo estão mantidos e, no dia seguinte, anunciou novo ciclo de investimentos de r$ 500 milhões para a marca renault. confirmou que serão dois produtos novos, sem antecipar os escolhidos. no entanto, consideram-se certos a versão picape do duster e o suv compacto captur derivado do atual clio iv europeu (da argentina vem o clio ii).
uma coisa se tem como exata: pote de ouro é mesmo o segmento que inclui ecosport, duster, tracker e, no futuro próximo, peugeot 2008, taigun, gla, x1, captur, hr-v, renegade (mais o fiat correspondente) e derivados do hb20 e até do etios, sem falar dos chineses. para todos os gostos e bolsos.
roda viva
modelo alemão de enfrentamento de crises de demanda temporárias tem alguma chance de emplacar agora no brasil. para não desempregar mão de obra especializada, governo, empresas e sindicatos estudam suspensão do contrato de trabalho em alternativa às demissões. parte dos salários seria pago pelo seguro-desemprego. falta avançar nas negociações.
volkswagen achou o caminho das pedras para produzir, na china, um carro de entrada mais barato (equivalente a r$ 25.000 aqui). solução é a mesma aplicada pela renault na sua subsidiária romena dacia: partir de uma arquitetura fora de linha, de duas ou três gerações anteriores, e criar nova carroceria. como o dito popular, o que os olhos não veem, o coração não sente.
apenas no final de 2014 a jac terá disponível o seu novo t6, suv de porte médio, que está à venda na china há um ano. surpreende pelos bons materiais de acabamento e a vedação dupla de portas (no entanto, pesadas para manusear). motor de 2 litros/155 cv tem ótima resposta em baixas rotações; engates do câmbio manual poderiam ser melhores.
ford e toyota trombetearam, na mesma semana, que focus e corolla, respectivamente, foram os modelos mais vendidos no mundo em 2013. fontes diferentes, as consultorias polk e focus2move, somam todas as versões de igual nome-modelo (hatch e sedãs). já que é assim, golf e sedãs derivados jetta, sagitar, bora e lavida passam de longe os dois citados.
com admissão da maserati, este ano, o exclusivo clube de 18 marcas centenárias ainda em produção aumentou. em ordem alfabética: alfa romeo, aston martin, audi, bugatti, buick, cadillac, chevrolet, fiat, ford, lancia, maserati, mercedes-benz, opel, peugeot, renault, rolls-royce, skoda e vauxhall. próximo da fila a dodge, em 2015.
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