Avaliação - fiat strada adventure 1.8 16v (flex) (cab. dupla) 2014
-
fotos: marcus lauria
a fiat trouxe algumas mudanças para a linha 2014 da picape strada. como aquele ditado que diz em time que está ganhando não se mexe , a fiat fez poucas alterações em sua líder de vendas, mas acabou por deixar o visual mais harmonioso. na dianteira as mudanças foram sutis, apenas uma alteração na grade, mas a traseira passa a apresentar novas lanternas, além da caçamba ter ficado mais alta, permitindo maior acúmulo de carga.
sua maior rival em vendas é a vw saveiro, que embora tenha suas boas qualidades, não conta com a variedade de versões, motores e carrocerias disponíveis para a strada. e uma das carrocerias responsáveis pelo sucesso da italiana é justamente esta que avaliamos, a cabine dupla, com banco traseiro para duas pessoas e que, na linha 2014, passa a contar com uma terceira porta do lado direito, do tipo suicida, facilitando o acesso de passageiros ao banco traseiro.
ao entrar na strada, logo torna-se evidente a idade do projeto, com praticamente o mesmo painel e a mesma ergonomia do fiat palio que estreou em 1996 por aqui. apesar do banco confortável e da regulagem de altura do banco, a posição de dirigir é ingrata para motoristas altos. para que meu joelho não ficasse esmagado pelo painel, tive que ficar com o banco bem recuado e, portanto, com os braços esticados demais para uma direção confortável. o volante tem regulagem apenas de altura.
na hora de manobrar o carro, dois opostos se revelam no quesito visibilidade: enquanto os enormes retrovisores laterais permitem ver tudo o que se passa nos lados do carro, a visibilidade traseira é prejudicada pela caçamba alta. e quem disse que a fiat instalou sensores de estacionamento? o item não existe nem como opcional, ao contrário da concorrente saveiro cross, que traz os sensores de série. a direção hidráulica é pesada em manobras, com diâmetro de giro razoável.
apesar da ergonomia deficiente, o motorista conta com bastante espaço para as pernas e cabeça. já o carona fica prejudicado pelo trilho mais curto, permitindo menor ajuste em distância, recurso adotado pela fiat para justificar o banco traseiro, que por sua vez goza de espaço ínfimo para as pernas e encosto vertical demais.
a terceira porta foi uma sacada inteligente da fiat, com abertura invertida e maçaneta que funciona nas duas direções. caso alguém queira fazer jus à alcunha de suicida, não terá sucesso, uma vez que a maçaneta fica embutida, e a abertura da terceira porta depende da abertura da porta dianteira do passageiro.
rodando na cidade, o carro é deliciosamente macio, com os buracos e imperfeições totalmente filtrados pela suspensão bem calibrada e os pneus de perfil alto. os bancos em couro contribuem para o conforto, pois são bem macios e recebem bem corpos de variadas massas e densidades. o motor 1.8 16v entrega seu torque máximo de 18,9 kgfm (etanol) em 4.500 rpm, mas a picape se revela bem esperta na cidade, caso o câmbio impreciso e borrachudo seja trabalhado com dedicação. o isolamento acústico e o bom ar-condicionado merecem boas notas, mas a direção pesada faz a strada passar na média. nota vermelha também para o cinto de segurança, que exagerou na pressão contra meu corpo volumoso.
já na estrada a picape justifica seu nome. o motor permite reações rápidas e faz a velocidade subir com facilidade, enquanto o escalonamento das marchas se mostra ideal. a nossa strada veio equipada com pneus de asfalto continental contipowercontact 205/60 r16, que impressionam pelo conforto de rodagem e por sua aderência ao chão.
ao contrário do que a suspensão macia e alta possa sugerir, a picape é deliciosamente estável e previsível, embora a rolagem da carroceria possa assustar os mais inexperientes. outro ponto alto da moça são seus freios, bem dimensionados e com acionamento preciso. em uma descida de serra mais enérgica, a strada pode te arrancar sorrisos com sua dinâmica neutra, mas a saveiro continua sendo a referência na categoria.
para testar o modo aventureiro da strada adventure, encaramos um fora-de-estrada bem suave, dentro dos limites da tração dianteira e dos pneus de asfalto. por sinal, não faz muito sentido o sistema de bloqueio de diferencial locker neste carro sem pneus de uso misto, mas o utilizamos apenas para teste e, não mudou muita coisa. mantenha a strada longe de caminhas complicados.
quanto ao bolso do comprador, o preço inicial da picape é de r$ 56.990, com a carroceria de cabine dupla e, no caso da nossa strada, adicionam-se r$ 1.094 da cor vermelho oppulence, r$ 1.633 do sistema locker, r$ 2.186 dos bancos em couro, r$ 2.158 do kit convenience 2 (rádio com comandos no volante, capota marítima e retrovisores elétricos), r$ 768 do kit high tech e r$ 209 dos pneus de uso urbano. o total fica em surreais r$ 65.038.
e após rodar aproximadamente 800 km com a picape, observamos as seguintes médias de consumo: com gasolina, foram 7,8 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada. já com etanol, foram 5,9 km/l na cidade e 8,5 km/l na estrada, um apetite exagerado nos dias atuais. no fim das contas, a strada se mostra um carro de boas qualidades, com projeto antiquado e preço elevado, mas justificando sua liderença em vendas graças à varidade de versões, motores e carrocerias. mas talvez essa liderença possa ser ameaçada em breve, com a chegada da vw saveiro cabine dupla em breve, que também trará um novo motor 1.6 16v.
continua na página 2