Dodge dakota, a picape nacional de carreira efêmera
-
normalmente, o ciclo de vida dos utilitários e picapes é maior que a dos automóveis – basta lembrar que as gerações passadas de chevrolet s10 e ford ranger atravessaram décadas com retoques sobre a mesma carroceria – mas como para toda regra há uma exceção, a dodge dakota, ainda que em dia com a equivalente norte-americana, teve produção curta em campo largo (paraná).
a dakota havia sido apresentada nos estados unidos em 1987, e sua primeira geração teve peculiaridades como a versão shelby equipada com motor 5.2 v8, e a convertible com capota de lona. no brasil, o grupo chrysler decidiu investir após a ótima acolhida do jeep grand cherokee: promoveu a estreia mundial do stratus no salão de são paulo em 1994 e nos anos seguintes lançou praticamente toda a sua linha de modelos em território nacional, como neon, 300m, grand caravan…
a segunda geração, que estruturalmente era uma reforma pesada na primeira dakota, foi apresentada nos eua nos idos de 1996 e ostentava design atraente inspirado na ram, além de uma pegada mais urbana. ainda naquele ano, a chrysler realizou no brasil uma clínica de mercado com as picapes mais populares nacionalmente (entre elas, saveiro, hilux, f-1000, ram e a geração antiga da dakota), e mais de 50% dos consumidores preferiram a nova dakota, dando sinal verde para a linha de montagem na região metropolitana de curitiba. foi um dos destaques da edição de 1996 do salão de são paulo. em termos estéticos, era a mesma picape dos ianques, exceção feita aos piscas em tom incolor e ao para-choque traseiro, mais proeminente.
em junho de 1998 foi inaugurada a fábrica da dodge com a produção em ckd (peças fabricadas nos estados unidos eram literalmente montadas no brasil, com a adição de componentes nacionais). a dakota era produzida em três configurações: cabine simples básica 2.5, cabine dupla sport e cabine estendida sport, estas duas últimas com o motor 3.9 v6 movido a gasolina de 177 cavalos e 39,6 kgfm de torque. era mais cara que as rivais ranger e s10, mas trazia capacidade de carga de 1000 quilos, com tampa da caçamba removível, espaço de 1,98 metro de comprimento e área de 2,99 metros quadrados.
a versão sport tinha visual urbano e trazia itens como direção hidráulica, ar-condicionado, computador de bordo no teto e freios com abs (apenas na traseira). mirando no público urbano, a dakota trazia somente tração traseira, o que prejudicava seu desempenho no uso fora-de-estrada. curiosamente, na versão estendida havia um pequeno banco inteiriço atrás, que somado ao assento dianteiro tripartido possibilitava transportar seis pessoas (pelo menos na teoria…).
já a versão básica tinha rodas de aço, detalhes pretos sem pintura, direção hidráulica, lente vermelha sem lâmpada no lugar da terceira luz de freio, banco inteiriço para 3 pessoas (com regulagem de distância só para o motorista) e motor 2.5 a gasolina de quatro cilindros em linha, 121 cavalos e 20,1 kgfm de torque.
em dezembro de 1998, a dodge acatou a preferência do público brasileiro e apresentou a dakota sport com motor 2.5 turbodiesel, um vm motori quatro-cilindros com intercooler que rendia 115 cavalos e 30,6 kgfm de torque a 2000 rpm. a partir de então, foi incorporado o diferencial autoblocante, que, se não cumpria o papel da tração integral, ao menos distribuía o torque entre as rodas de trás quando uma delas girava em falso.
a chrysler convocou recall para a dakota em meados de 1999, pela falta de travamento do cinto de segurança em desacelerações e possibilidade do conjunto de embreagem ficar frouxo. no ano 2000, a nova versão r/t da dakota ganhou o motorzão 5.2 v8 movido a gasolina, que rendia 232 cavalos (a maior potência entre os automóveis nacionais de então) e 41,6 kgfm de torque. mas o ímpeto da picape dodge era contido pelo câmbio automático com alavanca na coluna de direção, com quatro marchas e trocas lentas – sua velocidade máxima era limitada eletronicamente a 180 km/h. a suspensão também era mais macia e a capacidade de carga foi reduzida para 750 quilos. visualmente, a dakota road & track se diferenciava pelos logotipos nas portas e pela grade na cor da carroceria. naquele ano, a picape alcançou seu auge em vendas, com 4370 unidades produzidas.
finalmente em 2001 chegou a dakota quad cab, a versão cabine dupla (na época, todas as concorrentes dispunham desta configuração de carroceria há anos), trazendo realmente espaço para 6 ocupantes, mas ainda devia a opção de tração nas quatro rodas, embora sua plataforma previsse uma versão 4wd.
no entanto, a fusão daimlerchrysler anunciada em 1998 gerou conflitos de interesses que culminaram no encerramento das atividades da linha de campo largo e na consequente extinção da dodge dakota em abril de 2001. a versão quad cab foi praticamente uma série limitada, de 1000 unidades. em território norte-americano, a dakota recebeu nova geração em 2005, sem alcançar o mesmo sucesso de outrora, nem mesmo após a reestilização promovida na linha 2008. com a aquisição do grupo chrysler pela fiat, a dakota passou a ser comercializada sob a marca ram até o fim de sua carreira, em 2011.