Coluna alta roda extra “ o automóvel e os jovens
-
de uns tempos para cá, pesquisas apontam desinteresse dos jovens em dirigir automóveis ou até se candidatar a uma carteira de motorista. essa tendência aparece em países centrais de alta taxa de motorização e se atribui, entre outras razões, ao crescente grau de conectividade da internet em dispositivos portáteis, à menor necessidade de deslocamentos e, de certa forma, a meios de transporte coletivos e alternativos, incluindo aplicativos para táxis e motoristas particulares do uber.
quem produz autopeças, fabrica veículos e os comercializa estão atentos sobre o impacto desses novos consumidores. já se prevê salões de concessionárias diminuindo de área e até com apenas um ou dois modelos em exposição “ o mais vendido e/ou o recém-lançado.
no brasil esse caminho poderá também ser trilhado, só não se sabe em que ritmo. para prospectar intenções, a pesquisa jovem x automóvel conduzida por lupércio thomaz, jornalista e diretor da rede social campus universitário, entrevistou 404 estudantes (51%, masculino; 48%, feminino) entre 18 e 25 anos, de são paulo e ribeirão preto. uma das revelações foi de que 59% dos entrevistados ainda não possuem carteira de habilitação, mas entre esses 95% pretendem fazê-lo, demonstração de sensível diferença em relação às enquetes no exterior.
curiosamente, o carro significa expressão de liberdade para 18% desses universitários, enquanto 51% o consideram apenas meio de transporte. para as gerações do século xx a resposta à mesma pergunta provavelmente teria proporção invertida.
outros dados interessantes da pesquisa:
-
69% declaram que utilizam pouco ou raramente carros em seus deslocamentos. ônibus (46%) e metrô (31%) são as alternativas mais citadas. motocicleta, 3% e bicicleta, 5%.
-
60% dão carona a quem estuda ou trabalha junto.
-
90% usariam menos o automóvel, se o transporte público fosse melhor.
-
77% aceitariam compartilhar um veículo, a exemplo de bicicletas.
-
73% não estariam dispostos a se endividar para ter um carro.
-
se tivessem r$ 50.000, apenas 13% comprariam um automóvel. outras respostas: intercâmbio cultural (18%), viagem de estudo (15%), pós-graduação (12%), cursos complementares (11%), outra graduação (8%), turismo (7%) e outros projetos (16%). entre os que indicaram a preferência pelo carro, 53% são homens e 47% mulheres.
das conclusões que se podem tirar do estudo, há sentimento de diminuição de prioridade do automóvel na vida dos jovens. vontade de compartilhar e não se endividar podem ser sinais de alerta tanto para fabricantes quanto concessionárias sobre o futuro do negócio. mais negativo, porém, o fato de apenas 11% considerarem o carro como objeto de desejo, enquanto 7% o apontam como fonte de poluição/barulho, 6%, vilão do meio ambiente; 5%, estorvo para o trânsito; 2%, gerador de acidentes.
por outro lado, objeto de desejo e expressão de liberdade somam 29%, contra 20% de posições críticas. também é necessário frisar que a pesquisa foi conduzida em duas das maiores cidades do estado mais desenvolvido do país. em regiões com taxa de motorização menor, o resultado certamente seria outro. para sorte do automóvel.
contatos do autor: rb.roj.nomlacnull@odnanref e www.facebook.com/fernando.calmon2
-