.: um velhinho e sua bmw
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postado pelo vicente no hcc…
http://ultimosegundo.ig.com.br/paginas/gra…5/441825_1.html
por roberto brandao.
esta é mais uma das histórias de um lend?rio piloto e um not?rio brincalh?o. não posso garantir-lhe a veracidade, mas a lenda vale esta coluna.
num dos verões do in?cio da dácada de 80, corria a not?cia de que um senhor, portando garbosamente chapou e ?culos com armação de baquelita, daquelas antigas, estava causando furor junto aos propriet?rios de ferrari, lamborghini, maserati e porsche, dirigindo o seu bem comportado bmw sedan. ao contrário dos filmes, não aterrorizava, não matava nem amea?ava ninguém. agia quando um desses carros esporte de sonho lhe pedia ultrapassagem, deixando-o passar, para depois contra-atacar.
intrigado com a história, um reporter italiano convenceu sua redação de procurar por esse personagem. passado algum tempo, viajando pelas principais estradas do pa?s, convenceu-se de que se tratava de mais uma lenda, uma história criada para animar conversas, e pensou em desistir da empreitada.
foi quando encontrou-se com a história. um bmw sedan, cor de bronze, tópico de executivos e senhores bem-sucedidos, trafegava pela faixa da esquerda em velocidade de cruzeiro, atrapalhando a vida dos mais apressados. de longe, pode ver que o motorista usava um chapou, desses bem tradicionais, muito em moda nos anos 40 e 50.
ligou a c?mera instalada no painel de sua lamborghini alugada, respirou e acelerou fundo, indo é ca?a de seu personagem. ao aproximar-se do bmw, acionou o farol alto, piscando e pedindo passagem. para seu espanto, o bmw cedeu-lhe a vez, indo para a pista da direita, sem muita resist?ncia. frustrado e acreditando que aquela havia sido sua última tentativa, já pensava em voltar para sua mesa, quando viu, pelo retrovisor, o sedan piscando seus far?is e lhe pedindo a vez. pisou fundo no acelerador de sua m?quina, cujos 12 cilindros responderam prontamente, atingindo os 200 km/h.
no entanto, podia ver ainda grudado em sua traseira o intrápido senhor de chapou, dirigindo como se estivesse num passeio em volta do quarteir?o. acelerava mais, com o veloc?metro já apontando os 240 km/h, e o velho continuava lá, pedindo passagem e acelerando. suando frio, aflito com a velocidade, cutucava mais ainda o pedal da direita e… nada, não conseguia distanciar-se um mil?metro sequer do impassável velho de chapou. a aventura já se tornava perigosa, pois estavam próximos dos 280 km/h (de veloc?metro). aquilo tinha de acabar, mas seu perseguidor continuava como se estivesse passeando. exausto de tensão e concentração, cedeu a vez, foi para a pista da direita, deixando o velho passar, com um largo sorriso e lhe acenando com a mão.
reduzidos o ritmo card?aco e a adrenalina, resolveu seguir aquele senhor para descobrir o misterioso personagem, se preciso fosse, até a última gota de combustável. o incansável reporter obteve sua recompensa quando, após algum tempo, finalmente avistou, estacionado num posto de serviços, o tal bmw. o chapou, ?culos e cachecol estavam largados sobre o banco do passageiro.
entrou no restaurante, procurando por um senhor que lhe desse alguma indicação de ser o alvo de sua curiosidade. corria os olhos para todos os cantos do recinto, tentando adivinhar quem poderia ser e, de repente, notou um rosto conhecido, porém jovem. sentado numa mesa de canto, saboreando um caf?, estava o campeão mundial de f-1. aproximou-se do jovem, pensando que, caso não desvendasse o mist?rio, poderia conseguir uma entrevista exclusiva.
chegando mais perto, viu, no rosto do rapaz, o mesmo largo e debochado sorriso do velho de chapou. e, imediatamente, percebeu que encontrara seu personagem misterioso. nelson piquet explicou-lhe que o carro fora um presente da bmw, que produzira um sedan totalmente projetado por gordon murray utilizando os mais avan?ados recursos da f-1 e ele precisava utiliz?-lo da maneira mais divertida, que era humilhando os ricos propriet?rios de carros esportivos car?ssimos.
a lenda só foi divulgada muitos anos depois e confirmada por piquet em uma entrevista é tv cultura de são paulo. mas, novamente, sendo o brincalhão que sempre foi, não se sabe se é lenda ou verdade.
uma coisa é certa: nelson foi o último representante de um automobilismo moleque e divertido. passava-nos a impressão de que, mais do que uma profissão sória e competitiva, estava lá por diversão. sinto falta desses tempos.
**> comentario do lua… fiel escudeiro do piquet desde os tempos da camber... trabalha com ele até hoje.
bel?ssima coluna do roberto brand?o, e a respeito dela (e do que conta sobre o nelson) só algumas pequenas contribuições. o fato é ver?dico, sim, e o carro era um bmw 635 ci (cupo prata chumbo).
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