Tudo sobre pneus - parte vii
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normas internacionais
existem hoje na indústria de pneus, 4 principais certificações para estes: dot, etrto, inmetro e jatma. a mais lembrada, porém de forma totalmente errada, é a certificação dot.
1. dot
ao contrário do que alguns regulamentos de arrancada dizem, dot não é uma definição de um pneu de rua, mas sim a sigla que representa o united states department of transportation (usdot). por definição, um pneu com a certificação dot é um pneu que foi fabricado nos eua ou enviado para aquele país não importando a origem e nem a finalidade. simplificando, indica apenas e tão somente que um pneu pode ser comercializado no mercado americano, podendo ser pneu de carga, passeio, competição ou qualquer outro tipo de uso.
também é comum ouvirmos até de alguns fabricantes que dot indica a data de fabricação de um pneu, o que também não é correto, mas isso é dito pois, por exigência do usdot, se um pneu receber essa certificação esta deve estar estampada imediatamente antes da série do pneu, onde está indicada a data de fabricação. todo pneu possui número de série de 11 caracteres incluindo os 4 últimos que representam a fabricação, porém não necessariamente terão a sigla dot estampada em sua lateral.
2. etrto
a sigla do european tyre and rim technical organisation é indicada nos flancos dos pneus quando estes forem próprios para venda no mercado europeu, também não importando a origem ou finalidade. a sigla é representada pela letra “e”, acompanhada do número do país onde foi certificada. cada fabricante pode obter a certificação num país diferente, porém alguns só tem validade em partes da europa. os pneus yokohama possuem a certificação “e4”, onde 4 indica certificação na espanha com validade para todo o mercado europeu.
3. jatma
a sigla jatma define japan automobile tire manufacturers association , uma organização dos principais fabricantes de pneus do japão que conta com bridgestone, sumitomo, yokohama, toyo e nihon michelin.
define as normas de fabricação, tipos de testes, operações comerciais, meio ambiente, canais de distribuição, reciclagem, etc. além de todos os fabricantes de pneus do japão, seguem as normas definidas pelo jatma fabricantes de automóveis e órgãos do governo.
4. inmetro
o instituto nacional de metrologia, normalização e qualidade industrial define as normas para fabricação e/ou importação de pneus para o mercado brasileiro. através do iqa – instituto de qualidade automotiva – certifica os pneus destinados ao nosso mercado seguindo testes de qualidade padrão.
os técnicos do iqa fazem auditoria nos centros de tecnologia e laboratórios dos fabricantes no brasil ou no exterior, em países da ásia, europa e eua, inspecionam centros de distribuição de importadores, além de trabalhar dentro das fábricas acompanhando todo o processo e só assim emite a certificação inmetro, que segue as normas européias.
nos flancos dos pneus, o símbolo do inmetro vem acompanhado do número de cadastro do fabricante. no caso da yokohama, nosso número é o 007. no brasil as normas do inmetro somente exigem sua certificação para comercialização de pneus de veículos “de rua”, onde isenta pneus de competição e uso misto de tal certificação, diferentemente da certificação dot que é exigida em todos os pneus nos eua.
porsche n-specification
a porsche desenha e fabrica um dos veículos de maior performance no mundo. os pneus em um carro desse tipo tem papel fundamental no resultado final, e por isso os fabricantes de pneus participam juntamente com os engenheiros da porsche do desenvolvimento de pneus específicos para esta aplicação.
para ser um fornecedor oficial da marca, ou ter sua aprovação para o mercado de reposição, existe um envolvimento muito grande entre os departamentos de engenharia na busca de um pneu que ofereça o melhor desempenho possível em pista seca, com o comportamento mais seguro em pistas molhadas, mesmo em velocidades altas.
até que isto ocorra, muitos testes de laboratório, estradas e pistas de corrida acontecem para que um pneu aprovado possa oferecer o melhor em performance, uniformidade, ruídos, aquaplanagem e dirigibilidade exigidos pela porsche.
os pneus aprovados pela marca recebem a certificação “n” estampada na lateral, seguida do número de sua versão. o produto novo, recém aprovado, recebe a marca “n-0” como homologação para primeiro equipamento ou reposição porsche. a cada mudança interna estrutural ou em compostos, uma nova certificação de modelo é emitida e estampada com a numeração subseqüente, n-1, n-2, n-3 e assim sucessivamente. caso um pneu especificação n não seja mais encontrado para reposição, a porsche recomenda que os 4 sejam trocados pelo maior número n encontrado no mercado. misturas de especificações e reposições com pneus que não tenham a especificação n porsche não são permitidos pela marca.
mercedes original
também a mercedes benz aplica certificação específica para seus equipamentos originais e reposição. pneus desenvolvidos para estes carros possuem a inscrição m-o (mercedes original) estampada nas laterais.
treadwear, traction, temperature
dentro do usdot, duas outras secretarias cuidam de assuntos relacionados a pneus de passeio para os eua. são elas o nhtsa (national highway traffic safety administration’s) e utqg (uniform tire quality grade standards), que tem como objetivo fornecer dados adicionais para ajudar os consumidores a escolher um pneu com base no desgaste, tração e temperatura.
no brasil, muitas vezes por influência de revistas especializadas, muitos consumidores definem a compra de um pneu com base nos valores de treadwear. até mesmo pilotos de categorias que exigem o uso de pneus “de rua” buscam no índice treadwear a melhor opção. nessa busca, a informação passada por tais revistas diz que quanto maior o índice de treadwear, mais o pneu pode durar. no caminho contrário, os pilotos buscam pneus com o menor índice pois teoricamente é o que dura menos e por isso deve ser “mais macio”.
porém, a regra definida pelos americanos diz que, para um pneu receber um índice de treadwear, ele deveria passar por teste padrão definido pelo governo americano e ser comparado a um pneu “x” que foi usado como pneu padrão.
esse teste consistia em rodar numa rota específica, percorrendo 3 voltas e 400 milhas (644km) na região de san angelo, texas, eua, em um total rodado de 7.200 milhas (11.900km). um carro “y” definido pelo governo iria percorrer o trajeto e monitorar o desgaste a cada 800 milhas (1.287km), onde nesse intervalo era checado o alinhamento, pressão e feito o rodízio dos pneus. ao final era feita a projeção da quilometragem estimada, e foi definido o valor de 30.000 milhas (48.279km) como valor 100%, ou treadwear 100, e sua escala é com múltiplos de 20.
o problema desse tipo de medição é que pode gerar diferentes interpretações por parte dos fabricantes, e não há uma maneira de controlar qual valor cada fábrica irá aplicar aos seus pneus, e também cada desenho tem um desgaste x por mm de profundidade, então isso passa a ser apenas uma jogada de marketing, onde normalmente pneus piores possuem índices de treadwear absurdamente maiores utilizado como argumento de venda. comparar índices de treadwear dentro de uma mesma marca de pneu pode até ser útil, porém comparar esses índices entre diferentes fabricantes pode ser desastroso.
diversos fatores interferem no desgaste de um pneu, então um mesmo pneu pode ter resultados muito diferentes quando aplicado em carros diferentes, com utilizações e localizações também diferentes. um mesmo modelo de pneu pode rodar de 10.000 a 80.000km
os outros 2 índices, tração e temperatura, seguem o mesmo raciocínio.
os índices de tração definem a capacidade de frenagem em pista molhada em asfalto e concreto (diversas estradas nos eua são de concreto) sob condições controladas, onde um pneu aa freia melhor e em menor espaço que um a, b ou c, nessa ordem.
o teste consiste em montar o pneu a ser testado num “skid trailer”, com equipamentos de medição, inflado a 24psi e carregado com 492kg. esse trailer é rebocado em pista de testes molhada a 40mph (65km/h) e então ao entrar na zona de medição a roda de testes é travada. o pneu é arrastado dentro da área de teste e a fricção gerada é medida e definida da seguinte forma:
**índice de tração - força g asfalto - força g concreto
aa - acima 0,54 - 0,41
a - acima 0,47 - 0,35
b - acima 0,38 - 0,26
c - abaixo 0,38 - 0,26**
o índice de temperatura é definido pela resistência de um pneu ao calor gerado ao rodar, e sua capacidade em dissipar esse calor. sustentar altas temperaturas pode levar à aceleração do desgaste, e temperaturas excessivas podem causar a destruição dos compostos de um pneu podendo causar acidentes.
o teste é feito em laboratório, com uma roda de teste, onde o pneu é montado e inflado corretamente, sem sobrecarga ou velocidade excessiva.
somente índices a e b são permitidos para venda nos eua, onde o índice c não é aceitável.
o ideal é basear a compra nas informações técnicas de cada produto, utilizando os índices acima apenas como curiosidade.
na próxima etapa vamos falar sobre tipos de desenhos de banda e influência no comportamento dinâmico.
grande abraço e até a próxima
gustavo loeffler
dpto técnico / motorsports
yokohama brasil
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mt boa tb
essa do treadwear, eu ouvia mt falar. mas nunca botava mt fe nisso…
ia pela marca mesmo, tipo goodyear dura bastante, michelon eh mais macio etc etc...
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no aguardo da nova matéria
abrazzz
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mt boa tb
essa do treadwear, eu ouvia mt falar. mas nunca botava mt fe nisso…
ia pela marca mesmo, tipo goodyear dura bastante, michelon eh mais macio etc etc...
já ouvi exatamente o contrário, que goodyear gasta rápido (a despeito do nome da marca, que quando foi lançada, dizia que seus pneus durariam mais que os da concorrência, que durariam 1 ano pelo menos, daí good-year ) – e também por isso usam os pneus da marca nas categorias de arrancada em que é exigido pneu radial de rua -- e que os da michelin são duros, por isso anunciam que duram até 80.000 km dependendo do modelo (me engana q eu gosto )...
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sempre que usei goodyear, os pneus duraram mt mais de 1 ano no meu caso, os outros duraram coisa de 1 ano somente.
rodo mt com o carro, coisa de 3 a 4k km por mes…
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e aí, 6 meses depois e estamos no aguardo da próxima edição.
isso que era pra ser quinzenal ou no máximo mensal. =)
sei que é tenso, demanda tempo e tudo mais.
maaaaaaaaas, estamos no aguardo
abrazzzz