fotos: renato pereira
a ásia é o maior dos 6 continentes da terra tanto em área – 1/3 da superfície sólida do planeta – quanto em população – 3/5 da população mundial – com seus 79 países distribuídos pelas 6 grandes regiões geográficas que o dividem, que são o oriente médio, a ásia meridional, o sudeste asiático, o centro-leste, o extremo oriente e a parte asiática da comunidade de estados independentes.
é sempre interessante nos lembramos disso tudo quando vamos pensar na ásia, uma vez que, por associação imediata, o nome do continente nos evoca a imagem de pessoas de estatura mediana, olhos rasgados e cabelos escorridos, e não é esse o caso, uma vez que essa matéria nos levará a ásia meridional, que é formada pelo afeganistão, bangladesh, butão, maldivas, nepal, paquistão, sri lanka e a índia, que é onde queremos chegar.
a índia é o segundo país mais populoso do mundo, com 28 estados e 7 territórios federais, sua capital é nova deli, a cidade de mumbai (conhecida como bombaim), no estado de maharashtra, abriga mais de 14.000.000 de habitantes e o país tem como língua oficial o hindi, o inglês como idioma internacional e mais 21 línguas regionais, o que dá mais de 400 dialetos. não é muito animador para turismo, não é mesmo? sabendo-se então que quase metade do território do país é coberto por plantações de arroz, trigo, milho, algodão, chá e juta, o interesse aumenta? não, ainda não, eu sei. mas a soma de todo esse território, toda essa população, com seus grandes depósitos de ferro, a produção da maior parte do petróleo que consome, além de suas abundantes reservas de carvão, mica, manganês, e alumínio interessaram, e muito, um setor que não vive de turismo, vive de produção e, quanto mais baixo o seu custo, mais saudável e longeva é sua vida: a indústria automotiva!
a indústria automotiva na índia é uma das maiores do mundo, tendo superado o brasil na produção de veículos de passageiros (à frente também da bélgica, reino unido, itália, canadá, méxico, rússia, espanha e frança), em 2010 tornou-se o terceiro maior exportador asiático de automóveis e seu volume continua crescendo entre 16% e 18% ao ano. dessa forma, a índia pretende encerrar o ano de 2015 com 4 milhões de veículos produzidos, ficando atrás apenas da china que, por acaso, é sua vizinha. mas como o país conseguiu esse milagre industrial e financeiro? não foi nenhum milagre, foi uma sequencia de administrações corretas do país que o estão catapultando ao topo. lá, os presidentes eleitos não se ocupam em estragar o trabalho feito pelo ocupante anterior do posto, mas sim em dar continuidade no processo de desenvolvimento e progresso. para se ter uma ideia, existem hoje mais de 4.000 fabricantes de peças e acessórios automotivos no país, para abastecer suas linhas de montagem. anteriormente, os veículos lá comercializados eram produzidos no sistema ckd ou por uma ou duas marcas locais, cuja qualidade era prá lá de duvidos. a abertura política, o sistema de tributação e os custos mudaram radicalmente esse quadro, e a índia hoje é dona de 9 marcas próprias, além se sediar pátios industriais de 19 das maiores montadoras do mundo. com uma taxação alta para os veículos cbu – 100% importado – que chega aos 145%, a indústria nacional não faz outra coisa senão crescer.
a maioria dos pátios industriais automotivos da índia são baseadas em três conglomerados, um ao sul, um a oeste e o outro ao norte do país. o conglomerado do sul é sediado na cidade de chennai, capital de tamil nadu, e responde por entre 35% a 40% de toda a produção indiana de veículos, o que lhe valeu o apelido de detroit asiática, reforçado pela estimativa de produção de 3 milhões de unidades em 2016. aqui estão as instalações da ford, hyundai, renault, mitsubishi, nissan, bmw, hindustan, daimler, caparo, mini e datsun. o conglomerado ocidental, a oeste, concentra-se em mumbai e pune, estado de maharastra, respondendo por 33% da produção anual, sede da general motors, volkswagen, audi, skoda, mahindra e mahindra, tata motors, mercedes benz, land rover, jaguar cars, fiat e force motors e o conglomerado ao norte em gurgaon e manesar, estado de hyrana, contribui com os 32% que faltavam, com a maruti suzuki. nashik tem uma grande base da mahindra e mahindra com uma unidade de montagem de suv e uma unidade de montagem de motores. com essa expansão alucinada – porém planejada – outro conglomerado está surgindo, em gujarat, com instalação de outra unidade da general motors em halol, da tata motors e chegando agora também a ford, maruti suzuki e peugeot-citroen. kolkata com a hindustan motors, noida com a honda e bangalore com a toyota são os outros pátios da indústria automotiva indiana.
100% indianas e totalmente independentes são as montadoras chinkara motors ltd, que produz o beachster, o hammer, o roadster 1.8s, o rockster, o jeepster e o sailster. a force motors ltd produz o modelo one, a hindustan motors ltd o ambassador, a icml (international cars & motors ltd) o rhino rx, a mahindra & mahindra ltd os modelos major, bolero, scorpio, thar, xylo, quanto, verito, verito vibe, genio e xuv500, a premier automobiles ltd o sigma e rio, a san motors o storm e a tata motors ltd os modelos nano, indica, vista, indigo, manza, indigo cs, sumo, grande venture, safari, xenon, aria e zest, além do land rover freelander e do jaguar xf. a maruti suzuki india ltd é uma marca criada pela japonsesa suzuki para o mercado indiano, com os modelos 800, alto, alto 800, wagon r, estilo, a-star, swift, swift dzire, sx4, omin, eeco, gypsy, ertiga e ciaz. algumas poucas joint ventures com montadoras estrangeiras também estão presentes.
para escapar da tributação de importação, estar estratégicamente muito bem instaladas, produzir com baixo custo, vender e exportar a vontade e ter lucro (objetivo de qualquer empresa que se preze, logo, nenhum demérito), gerando emprego e renda para a população, as “grandes” mundiais que se estabeleceram e montam integralmente seus modelos na índia são:
audi india private ltd, mumbai, maharashtra: a3, a4, a6, q3, q5 e q7.
bmw india private ltd, gurgaon, chennai: série 1, série 3, série 5, série 7, x1, x3 e x5.
fiat india automobiles ltd, pune,maharashtra: grande punto, linea e linea tjet
ford india private ltd, chengalpattu, chennai: figo, fiesta, ecosport e endeavour.
general motors india private ltd, gurgaon, chennai: spark, beat, aveo u-va, sail, aveo, optra, cruze e tavera.
honda cars india ltd, greater noida, rajasthan: brio, jazz, amaze, city, civic, cr-v e accord.
hyundai motor india ltd, sriperumbudur, chennai: eon, santro, i10, i20, accent, verna, elantra e sonata.
isuzu motors ltd, girgaon, chennai: mu-7 e v-cross
jaguar cars (tata motors ltd) mumbai, maharashtra : jaguar xf
land rover (tata motors ltd) mumbai, maharashtra : freelander
mercedes-benz india private ltd, pune,maharashtra: classe c, classe e, classe m, classe s e classe gl.
mini (bmw india private ltd), gurgaon, chennai: countryman.
mitsubishi motors, kolkata,west bengal: lancer, lancer cedia e pajero
nissan motor india private ltd, oragadam, chennai: micra, sunny, evalia, dacia duster.
datsun (nissan motor india private ltd), oragadam, chennai: datsun go
renault india private ltd, oragadam, chennai: pulse, duster, scala, fluence e koleos.
škoda auto india private ltd, aurangabad, maharashtra: fabia, rapid, laura, yeti e superb.
toyota kirloskar motor private ltd, bangalore, maharashtra: etios liva, etios, corolla altis, innova, fortuner e camry.
volkswagen india private ltd, chakan, maharashtra: polo, crosspolo, vento, jetta e passat.
todas as montadoras produzindo na india também produzem logo ali, do outro lado da fronteira, na china. qual o sentido de duas linhas de produção tão próximas entre si e tão afastadas tanto de seus países de origem quanto de países com muito mais tradição no segmento, como argentina e brasil, por exemplo? porque praticamente se encerrou o sistema ckd, onde inclusive unidades brasileiras de algumas montadoras eram as fornecedoras principaisó porque os governos da américa do sul não são confiáveis; o que dizem hoje não se pode conferir amanhã. os valores das moedas flutuam absurdamente, de acordo com os rumos que cada pais toma diariamente, em função do total descontole, da corrupção endêmica e da escalada rumo ao socialismo comunista que destruiu os países do continente europeu e que afastam qualquer investidor sensato. instabilidade política, governantes desacreditados, impostos extorsivos, sindicatos igualmente extorquidores e falta de dinheiro do povo para comprar a cota de produção local são a causa dessa mudança de rota da indústria em geral, e da automotiva emparticular, em busca da ásia. mesmo comunista e retrógrada, a china – e seu governo que se torna sócio de qualquer empresa – ainda é mais negócio do que qualquer país da américa do sul. custos de mão de obra muito elevados e excesso de interferência de sindicatos fizeram da américa do norte e europa outros buracos negros para a indústria. a ásia agradece!