pois é, no meu motor de 9,5 de taxa eu uso 35 de ponto na lenta e travo nisso praticamente ate 1kg, nao aumenta temperatura e nem sinal de pre-detonacao (pelomenos no ouvido, eheheh).
agora, se alguem puder me responder, ate onde ponto de ignicao influencia na mistura, digo, por exemplo, quanto mais ponto a mistura fica mais pobre e ao contrario mais rica, ou nada a ver?
olá amigo, se me permite tentar ajuda-lo:
o seu raciocínio está correto, o avanço de ignição e a mistura estão sempre relacionados.
existem três fatores que influenciam no ponto: eficiência volumétrica, rotação e velocidade da chama.
a rotação do motor e o vácuo/pressão no coletor de admissão alteram a eficiência volumétrica do motor, e isto por sua vez, é o que estabelece qual o avanço ideal.
o momento da ignição deve ocorrer no instante exato para que a pressão máxima no cilindro aconteça entre 15 e 20 graus após o ponto morto superior (atdc), ou seja, com o pistão descendo.
mesmo nos casos onde não ocorra detonação, deve-se reduzir o avanço de ignição à medida que a eficiência volumétrica do motor aumente. quanto mais vácuo no coletor mais adiantado deve estar o ponto.
estes são três diferentes gráficos das pressões no interior do cilindro para três diferentes avanços de ignição:
sa1: avanço em 32.5 graus btdc
sa2: avanço em 22.5 graus btdc
sa3: avanço em 12.5 graus btdc
btdc = antes do ponto morto superior
tdc = ponto morto superior
o ideal é usar a curva sa2, pois é nela que a pressão de pico acontece entre 15 e 20 graus atdc.
com maior avanço de ignição (sa1), a pressão no cilindro começa a aumentar muito cedo, e neutraliza o movimento ascendente dos pistões.
e na sa3, a pressão no cilindro é reduzida, diminuindo o torque.
para evitar detonação, otimizar o consumo específico e o rendimento termico do motor, o ponto deve estar sempre em mbt, que é o minimo avanço de ignição na faixa de torque maximo. ou seja, deve-se reduzir o avanço de ignição até o ponto onde ocorra uma queda no torque.
ponto na lenta: a velocidade de propagação da frente de chama é relativamente constante, sendo assim, em marcha lenta, mesmo o enchimento volumentrico sendo pequeno, como a velocidade do pistão é baixa, se voce adiantar muito o ponto, a pressão no cilindro também aumentará com o pistão ainda subindo.
analogamente, a medida que a rotações for aumentando, voce sempre deve ir adiantando o ponto, exceto na rotação de torque máximo (3500 à 4500). no vacuo adiante proporcionalmente e na pressão atrase proporcionalmente, sempre com o objetivo de que a pressão de pico ocorra entre 15 e 20 graus atdc.
a taxa de compressão irá interferir na tendência a detonação, obrigando o uso de um ponto mais conservador em todas as situações. em plena carga, deve-se reduzir o avanço o suficiente para cessar a detonação, e somente na situação em que ela esteja ocorrendo (rpm, carga e temp).
para que seja vantagem um ponto acima de 40 graus, a rotação deve estar acima de 4500 rpm, e o vácuo entre -0,7 e -0,5 bar.
enriquecer a mistura, afr acima da razão estequiométrica = lambda < 0,90 # o excesso de combustível reduz a tendência a detonação, não porque diminui a temperatura na câmara de combustão, mas sim porque provoca alteração na densidade da mistura, fazendo com que a velocidade de propagação da frente de chama seja reduzida. comparando com a mistura pobre, a mistura ligeiramente rica resulta em uma queima mais lenta que se deslocará até pressão pico mais tarde, onde há maior alavancagem, por conseguinte, mais torque. também a pressão máxima é menor em um ângulo posterior do virabrequim, assim a probabilidade de detonação é reduzida. um efeito semelhante pode ser alcançado com uma mistura ideal e um maior retardo da ignição.
em outras palavras, cuidado com um ponto mais adiantado e mistura pobre, é um convite a quebra.
abraço